Recentemente, Erik Schunk, o estimado companheiro da blogosfera, publicou na sua página (www.erikschunk.blogspot.com) uma análise dos 100 dias de governo Rosinha na Prefeitura de Campos à luz da “Operação Cinquentinha” da Polícia Federal que investiga a compra de votos na campanha eleitoral da atual prefeita. Apesar de compreender que a análise de Erik é bastante esclarecedora, acho importantes registrar apenas um aspecto que considero particularmente sério.
Durante todo o processo eleitoral, e nos primeiros momentos do governo de Rosinha, era possível perceber em amplos setores daquilo que podemos definir como a parcela “mais esclarecida” da população campista uma certa condescendência, algo ingênua e algo resignada, às vezes quase entusiasmada, com a ex-governadora. A partir de um conjunto mais ou menos complexo de conjecturas, buscava-se encontrar esperanças na possibilidade de a família Garotinho, com uma nova chance, romper com o modelo político clientelista e corrupto que se estabeleceu profundamente na dinâmica eleitoral e governamental local. Até mesmo era possível encontrar aqueles que visualizavam no governo de Rosinha uma oportunidade histórica de modernização e racionalização da política campista.
Aqueles que, como este blog e o autor de seus textos, mantiveram-se em uma posição de desconfiança crítica em relação à tão propalada “mudança” que supostamente estaria representada na candidatura e no governo Rosinha Garotinho, ficaram isolados e parcialmente estigmatizados como intransigentes durante um certo período. Ora, entendíamos, assim como continuamos entendendo, que o casal Garotinho não podia ser avaliado como uma novidade política, mas sim a partir da recentíssima experiência de ambos no governo estadual, aliás, de péssima lembrança.
Hoje, após completar 100 dias do governo de Rosinha, a continuidade de um modus operandi governamental baseado no decrépito clientelismo que transforma o poder público em um mero instrumento de ação voltado a interesses particularistas da facção política dominante, assim como a explicitação da compra de votos a favor da candidatura da atual prefeita - tal como revelado pela Polícia Federal, mas que a população local sabe ser tão comum nos pleitos municipais como respirar oxigênio - as drogas da ilusão, que aparentemente haviam entorpecido parte daqueles de quem se esperava uma análise mais crítica, perdem cada vez mais o seu efeito.
A grande lição a ser aprendida diz respeito ao fato de que para promover a tão necessária transformação que o cenário político-social de Campos precisa, é contraproducente esperar por uma transcendente ação da justiça federal ou pela conversão aos primados da ética, da justiça e da democracia daqueles que historicamente se mostram avessos a eles. É necessário e urgente que aqueles setores da sociedade campista que consideram que seu município necessita e pode transformar toda sua potencialidade em realidade efetiva de crescimento econômico com desenvolvimento social, democracia, transparência e ética na gestão pública, devem ser capazes de arregaçar as mangas para construir uma alternativa política e social à altura dos desafios que estão postos. Como publicado neste blog há alguns meses atrás, contra as drogas da ilusão são necessárias as armas da crítica, teórica e prática, da cidadania organizada.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
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3 comentários:
Não creio ser o fim da ilusão, se assim o fosse , como explicar a popularidade de Lula, depois de tantos escândalos?
O regresso de Collor ao congresso , a república do Maranhão com os Sarnei, o Genuino e o Paloci, eleitos facilmente.
Mudança é apenas retórica usada por candidatos ,o povo sabe disso e perdeu a capacidade de se indignar.
Todos que chegam ao poder mostram que não são melhores que os que sairam.
Ouço muitos formadores de opinião, falar da incompetência dos que estão no poder, mas são incapazes de fazer frente aos mesmos.
Ou são meros comentaristas, ou os verdadeiros incompetentes.
São 20 anos ouvindo isto, levaremos mais 200.
Sim, e a Terra jaz no maligno e a única saída se encontra na vida eterna!
Perdoe-me a ironia, mas esta postura ultra-pessimista alimenta diretamente o mecanismo político que funciona na cidade. A resignação é irmã da condenscendência e gêmea do conformismo, não nos ajuda em nada.
Que se prove o contrário!
E que estejamos vivos para ver!
Agora , eu tambem peço desculpa pela a ironia.
Alguns tem esta visão ultra-pessimista, como o senhor disse.
Outros viverão eternamente iludidos, seja com cinquentinha, telhado de vidro ou MENSALÃO.
Abraço, parabens pelo texto enxuto.
Faça mais postagens , temos pouco raciocínio lógico nos blogs.
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