Nesta semana o Ipea divulgou uma série de números relativos à evolução da renda no Brasil que foram amplamente comemorados pelo governo federal e pelas grandes corporações da mídia empresarial. Segundo os resultados da pesquisa divulgada em relação à renda da População Economicamente Ativa do país, baseada no rendimento domiciliar total, mais da metade dos brasileiros estariam enquadrados hoje na classe média, o que levou alguns veículos midiáticos a comparar a atual situação do Brasil com aquela de países desenvolvidos como os Estados Unidos, por exemplo.
Além das críticas referentes à metodologia utilizada na pesquisa (críticas que se referem ao fato de que ao basear os números no rendimento domiciliar total, a pesquisa se torna incapaz de compreender as diferenças concretas que se manifestam entre, por exemplo, famílias com números diferentes de integrantes), é possível levantar, da mesma maneira, alguns questionamentos a respeito do significado dos números divulgados quando postos lado a lado com os números divulgados na semana passada pelo DIEESE relativos a elevação dos preços da cesta básica.
Além das críticas referentes à metodologia utilizada na pesquisa (críticas que se referem ao fato de que ao basear os números no rendimento domiciliar total, a pesquisa se torna incapaz de compreender as diferenças concretas que se manifestam entre, por exemplo, famílias com números diferentes de integrantes), é possível levantar, da mesma maneira, alguns questionamentos a respeito do significado dos números divulgados quando postos lado a lado com os números divulgados na semana passada pelo DIEESE relativos a elevação dos preços da cesta básica.
De acordo com o Ipea, os 51,8% de famílias brasileiras com renda domiciliar total entre R$ 1064 e R$ 4591 constituiriam a classe média, e, em função deste números, teríamos suficientes razões para comemorar o ingresso do Brasil no campo dos países econômica e socialmente mais prósperos, no entanto, se avaliados paralelamente aos números divulgados pelo DIEESE, é possível tirar conclusões bem menos animadoras em relação à situação econômica e social do país. A elevação do preço dos alimentos, e conseqüentemente do custo de vida, levou o DIEESE a divulgar um novo valor para o salário mínimo constitucional: R$ 2178,30. O salário mínimo do DIEESE é o valor, calculado pela instituição, que o salário mínimo deveria possuir para que fosse capaz de cumprir o papel que lhe é imposto pela Constituição, ou seja, garantir para um trabalhador e sua família o suficiente para cobrir seus gastos com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Sendo assim, de acordo com o DIEESE, as nossas tão celebradas famílias de classe média do Ipea possuem renda domiciliar total que varia de meio a dois salários mínimos constitucionais. Ou ainda, quase 85% das famílias brasileiras possuem renda domiciliar total inferior ou aproximadamente igual ao que deveriam ser dois salários mínimos de acordo com a imposição constitucional. Ainda resta muito a comemorar?
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