quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Uma reveladora ocultação


O mundo inteiro se delicia com a beleza e com a grandiosidade dos jogos olímpicos de Pequim, ou Beijing conforme o caso, e ainda estão na memória de milhões as imagens, simultaneamente poderosas e delicadas, proporcionadas pelo governo chinês ao mundo na cerimônia de abertura destes jogos, cerimônia esta que foi considerada pela maioria dos analistas como a mais deslumbrante já realizada até agora.
A espetacular grandiosidade e beleza da cerimônia de abertura dos jogos foi o ponto culminante do processo de remodelagem de Beijing resultante de uma frenética atividade dirigida pelo governo chinês ao longo dos últimos anos, na qual buscou-se não apenas impressionar os olhos do mundo com belas imagens, mas também apresentar ao mundo uma China moderna, pujante economicamente, poderosa politicamente e culturalmente civilizada e humanista.
A belíssima cerimônia de abertura das Olimpíadas foi objeto de atenção, comentários e análises nas mais diversas partes do mundo. Os organizadores da cerimônia se propuseram a expressar nela o esplendor da história e da cultura chinesas. É obvio que em um evento de curta duração como foi esta cerimônia de abertura, são selecionados certos aspectos a serem apresentados e outros são descartados, porém, chama muito a atenção o fato de que o governo do partido comunista chinês tenha resolvido ignorar, justamente, o maior e mais importante episódio da história chinesa no século XX: a grande revolução de 1949.
Esta reveladora ocultação na cerimônia de abertura das Olimpíadas de Beijing está tão relacionada com a necessidade do governo chinês de apresentar ao mundo um país “normal”, ou seja, capitalista, como também com uma necessidade política interna deste mesmo governo: a glorificação do conformismo social. Com a restauração capitalista habilmente conciliada com a manutenção da ditadura dos burocratas, neo-empresários e mega-magnatas do “renovado” partido comunista, a China tornou-se o paraíso das multinacionais que lá produzem para exportar ao mundo inteiro pagando alguns dos mais baixos salários do planeta, garantidos pelo controle totalitário do governo sobre a força de trabalho. No contexto do aprofundamento das grotescas desigualdades sociais, explodem por todo o país rebeliões populares de caráter étnico, nacional, fundiário e especificamente trabalhista, que passam a ser sufocadas não apenas pela força das baionetas mas também pela nova ideologia oficial do conformismo neo-confucionista.

2 comentários:

Maurício Quitete disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maurício Quitete disse...

A China é totalmente manipulável, os EUA responde por isso na monumental arquitetura que tem idealizado no país nos últimos anos.