sábado, 11 de outubro de 2008

Credo Capitalista


Neste momento de grave e violenta crise do capitalismo, no qual os teólogos do deus-mercado estremecem e muitos começam a renegar a fé, publico aqui a paródia do credo cristão redigido por Paul Lafargue, genro de Karl Marx.

Creio no Capital que governa a matéria e o espírito;
Creio no Lucro, seu filho legítimo, e no Crédito, o Santo Espírito, que dele procede e é adorado conjuntamente;
Creio no Ouro e na Prata que, torturados na Casa da Moeda, fundidos no cadinho e batidos na balança, reaparecem ao mundo como Moeda legal e que, consideradas demasiado pesadas, depois de terem circulado sobre toda a terra, descem às caves do Banco para ressuscitar como Papel-moeda; creio na Renda a cinco por cento, a quatro e a três por cento igualmente e na Cotação autêntica dos valores; creio no Grande Livro da Dívida Pública, que garante o Capital contra riscos do comércio, da indústria e da usura; creio na Propriedade individual, fruto do trabalho dos outros, e na sua duração até ao fim dos séculos; creio na Eternidade do Assalariamento que desembaraça o trabalhador das preocupações com a propriedade; creio no Prolongamento da jornada de trabalho e na Redução dos salários e também na Falsificação dos produtos; creio no dogma sagrado: COMPRAR BARATO E VENDER CARO; e igualmente creio nos princípios eternos da nossa muito santa igreja, a Economia política oficial.
Amém.

Nenhum comentário: