segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Quem vai pagar?


O neoliberalismo pode ser definido como um projeto político e ideológico baseado em um programa de ampla restrição do controle e da regulamentação pública sobre a atividade econômica privada, e de expansão – praticamente ilimitada - do campo de ação desta última. Tudo ao “Mercado”, nada contra o “Mercado”, assim pode ser resumido o programa neoliberal. Este programa político que foi imposto ao mundo todo pela pressão do grande capital financeiro, principalmente estadunidense, com o suporte dos organismos financeiros internacionais e seus planos de ajuste econômico, foi constituído como projeto unitário da burguesia internacional nos marcos do Consenso de Washington, ao apagar das luzes do século XX.

O programa especificamente político do neoliberalismo tem por fundamento uma ideologia que se tornou amplamente hegemônica nos quadros do pensamento econômico, social e político desde os anos 80, mas desde os anos 90 tornou-se quase absoluta, uma forma de “pensamento único” imposta a todos aqueles que quisessem gozar de algum respeito diante da “opinião pública”. Esta ideologia neoliberal pode ser resumida na crença na onipotência do mercado capitalista na regulação da vida social e na promoção da prosperidade e felicidade aos povos do mundo. A queda do Muro de Berlim impulsionou a supremacia da ideologia neoliberal, hoje, a queda de outro muro: Wall Street (“Rua do Muro”), estabelece o início de sua desmoralização.

Diante do aprofundamento da colossal crise econômica que vai engolfando o mundo todo a partir do mercado financeiro, amplamente desregulado, dos EUA, os antes orgulhosos arautos da “supremacia do mercado” escondem-se ou convertem-se a uma cínica postura de crítica à “especulação financeira irresponsável” (como se houvesse alguma especulação financeira responsável). Os dirigentes políticos da pátria do “estado mínimo” produzem a realidade do Estado máximo para os interesses do capital financeiro. Testemunhamos, agora, o colapso da ideologia neoliberal. Com o navio afundando os ratos começam a fugir, mas fica a questão: quem vai responder pelas privatizações fraudulentas, pelo sucateamento dos serviços públicos e pelo cancelamento de direitos trabalhistas e sociais realizadas em nome da ideologia neoliberal e das “virtudes supremas” do mercado? Quem será responsabilizado? É preciso responder urgentemente a estas questões.

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