sexta-feira, 27 de março de 2009

O presidente-pelego

Em um importantíssimo e histórico momento em que todas as centrais sindicais do país – unitariamente – juntamente com o movimento estudantil e popular, convocam uma grande mobilização nacional para o dia 30 próximo, em uma ação de enfrentamento contra a ofensiva patronal desencadeada pela crise econômica internacional, o presidente Lula deixa muito claros os limites concretos de sua concepção e opção política estratégica.

Um dos principais pontos da pauta de reivindicações da mobilização nacional dos trabalhadores e da juventude organizada é a exigência de uma medida provisória a ser assinada pelo presidente garantindo a estabilidade dos trabalhadores no emprego, no atual momento, como forma de barrar a anti-social onda de demissões levada a cabo pela patronal.

Enquanto alguns setores do movimento sindical, estudantil e popular ainda depositam uma subordinada confiança no governo federal, abrindo mão da própria autonomia organizacional, tática e estratégica, o presidente Lula vem a público convocar os trabalhadores a se submeterem às exigências patronais no contexto da crise, estancando qualquer reivindicação e contribuindo com o aumento da produtividade empresarial como forma de tentar garantir os empregos ameaçados. É a típica fala do sindicalista pelego que tenta se colocar entre a luta dos trabalhadores e as privilegiadas posições do empresariado.

Não constitui nenhuma grande surpresa o discurso do presidente, o seu quase-novo-desenvolvimentismo possui claros e nítidos limites de classe (burgueses) e, ainda mais, porque é inevitável que sua posição tenda tanto mais à direita quanto mais avance a luta social. Lamentavelmente, muitos companheiros, por patriotismo partidário ou ultra-pragmatismo, mantém-se atrelados às diretrizes do governo desarmando-se para a defesa de posições sociais seriamente ameaçadas. No entanto, contra o discurso do presidente-pelego, é hora de reforçar a convocação unitária para a mobilização nacional do dia 30 contra as demissões e os demais efeitos reacionários da crise.

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