Diferentemente do que veiculam as teses mais up to date nas ciências sociais contemporâneas, a realidade efetiva vem demonstrando que são os trabalhadores aqueles que têm conseguido, ainda que de modo incipiente, exercer alguma pressão social no sentido do combate aos efeitos da crise econômica e, mais especificamente, à orientação imposta pelas elites dominantes no sentido de socializar os prejuízos causados pela crise enquanto tentam salvar a lucratividade privada.
Seja na França, onde os sindicatos de trabalhadores – com uma adesão crescente – promoveram nesta semana a segunda greve geral em menos de dois meses, seja no Brasil, onde um grupo cada vez maior de sindicatos aprofunda um processo de mobilização contra demissões e restrições salariais, o que fica cada vez mais explícito é que a capacidade de impor limites aos estragos provocados pela crise capitalista e, ao mesmo tempo, salvaguardar garantias sociais e apontar para a superação do arranjo econômico atual encontra sua centralidade justamente na classe trabalhadora e em suas organizações de classe. Ao contrário dos desejos patronais e das teorias sociais pós-modernas, nem a classe trabalhadora e nem os seus sindicatos tornaram-se peças de museu, ao contrário, demonstram a cada dia a efetividade e a urgência de sua ação político-social como horizonte para a superação de um modelo civilizacional em grave crise.
No Brasil, um aspecto contraditório desta realidade geral reside no fato de que as direções das maiores centrais sindicais do país – CUT e Força Sindical – adotam um programa rebaixado e algo capitulador diante da crise. Os acordos negociados por estas centrais no que diz respeito à flexibilização de direitos e reduções salariais, bem como à doação de dinheiro público às grandes empresas, revelam-se extremamente contrários às necessidades concretas dos trabalhadores de não ceder diante das pressões patronais que tentam se beneficiar da crise para ampliar sua margem de poder econômico e social.
Apesar da orientação das cúpulas das grandes centrais, o fato é que organizações menores como a Conlutas e a Intersindical e muitos sindicatos agindo espontaneamente têm conseguido construir uma alternativa de ação necessária, possível e urgente no Brasil da crise.
segunda-feira, 23 de março de 2009
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