terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Catástrofe anunciada e periódica


A imensa catástrofe que está assolando grande parte do município de Campos não pode ser considerada, de modo honesto, como imprevista ou surpreendente por nenhum cidadão sério e esclarecido desta cidade. Todo ano, no período das chuvas de verão, regiões como a de Ururaí são vítimas de enchentes provocadas pela subida do nível dos rios da região. Certamente o volume de água das últimas chuvas foi absurdamente imenso, o que, por outro lado, não isenta de responsabilidade as autoridades competentes.
O conjunto de soluções necessárias à superação deste perverso ciclo de calamidades anuais que atingem a população mais empobrecida da cidade, não é simples e nem barato, no entanto, é importante ter clareza que o poder público deve existir em função das necessidades da população e não a população ser submetida a indignidades inúmeras em função das conveniências dos gestores do poder público. Se é verdade que resolver o problema das enchentes em Campos exige uma verdadeira reformulação de grande parte da estrutura urbana e hídrica do município, também é verdade que o poder público campista não pode se queixar da ausência de recursos materiais para tanto, em especial nos últimos anos.
Campos dos Goytacazes é um dos poucos municípios do Brasil que não se encontram financeiramente paralisados em função do arrocho do capital financeiro expresso nas dívidas públicas municipais e na Lei de Responsabilidade Fiscal, seu complemento. Os royalties do petróleo garantem ao poder municipal uma extremamente larga margem de manobra para escapar deste arrocho reacionário, porém, a longa apropriação do poder local pelas facções políticas do lumpen-empresariado aprofundou a precariedade da infra-estrutura do município e das condições de vida da maioria de sua população.
É necessário e imprescindível atribuir de modo preciso a responsabilidade desta presente calamidade aos verdadeiros responsáveis, para que isto possa contribuir para o desenvolvimento de um processo de organização dos setores saudáveis e progressistas da sociedade civil local em um poderoso movimento social que seja capaz de reverter a lógica que vem predominando na gestão pública do município. Somente uma orientação neste sentido pode colocar fim ao imenso repertório de sofrimentos e angústias ao qual a maior parte da população de Campos se encontra submetida pela inexistência de um poder público efetivo.

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