domingo, 8 de março de 2009

8 de março: dia de luta pela igualdade

O Dia Internacional da Mulher deveria ser entendido e divulgado como um dia de luta de toda humanidade. O projeto de construção da igualdade social não pode sequer ser concebida sem ter no centro de suas preocupações a supressão da milenar – e quase universal – opressão exercida sobre as mulheres.

Foi necessário que algumas jovens operárias fossem queimadas vivas pelo seu patrão, em retaliação ao movimento grevista que estas levavam adiante, nos Estados Unidos do século XIX, para que a sociedade moderna acordasse para a urgência da causa da igualdade de gênero. Complementarmente, é preciso nunca esquecer que enquanto uma parcela da sociedade vive na opressão, nenhuma outra parcela pode viver, efetivamente, em liberdade e com plenitude de sua potencialidade humana.

No momento mesmo em que a igreja católica deixa explícito o quanto a civilização ocidental ainda se encontra sitiada pelas forças sócio-políticas do atraso que mantém distante da realidade a emancipação feminina, este 8 de março acaba tornando-se um momento ainda mais especial. A defesa do direito da mulher sobre o próprio corpo ou, no mínimo, a sensibilidade diante do fato da morte de um imenso número de mulheres por ano no Brasil em decorrência dos abortos clandestinos, leva à justa reivindicação pela legalização do aborto.

As religiões e igrejas têm todo o direito de orientar suas fiéis a adotar esta ou aquela postura pessoal, no entanto, é absurdo que em pleno século XXI, tais organizações continuem a transformar seus dogmas anti-científicos em política pública, imposta ao conjunto da população, mesmo àquelas parcelas que não comungam de tais crenças. Neste dia de hoje, faz-se necessário proclamar bem alto os direitos que a humanidade conquistou ao libertar-se do obscurantismo medieval e ao servir-se de suas faculdades racionais. As modernas concepções de democracia, justiça, igualdade e liberdade, são o resultado da aplicação dos princípios racionais à vida social, continuar a fazê-lo implica em defender, nos nossos dias, a descriminalização do aborto e a emancipação feminina.

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pela lucidez!
É muito bom encontrar quem pense como vc.
Um abraço.

Maycon Bezerra disse...

Valeu Luciano, apareça sempre!