quarta-feira, 9 de julho de 2008

Ex-PT

Os recentes movimentos relativos à política eleitoral na cidade de Campos têm provocado grande agitação e debate, especialmente no que diz respeito ao apoio brindado pelo PT à candidatura de Arnaldo Viana.
Muitos petistas e simpatizantes da cidade, alguns amigos inclusive, têm expressado publicamente sua indignação e desilusão com os rumos que o partido decidiu tomar na política municipal. Ou seja, consolidar sua imbricação com uma das facções políticas do lumpen-empresariado que polarizam a disputa pelo controle do orçamento do município. É realmente injustificável, do ponto de vista de uma lógica ético-política minimamente progressista, a opção do PT campista pelo apoio a Arnaldo Viana, mas a questão que deve ser colocada é a seguinte: esta é uma opção surpreendente?
É possível afirmar, com bastante tranqüilidade, que desde o início do governo Lula, e mais ainda a partir de 2005, o PT, enquanto estrutura político-partidária, morreu para a causa do progresso, da democracia e da justiça social. O arco conservador e fisiológico de alianças do governo Lula sustentado a base de “mensalões” e coisas do gênero, assim como sua política econômica a serviço do grande capital, estabelece um marco para que possamos entender a aceleração do processo de decomposição do PT.
No caso do Estado do Rio de Janeiro, a presença do PT na composição do governo extremamente neoliberal e anti-popular de Sérgio Cabral não permite nutrir, de modo racional, muitas esperanças com relação a um possível progressismo do PT fluminense, é dentro deste contexto que deve-se analisar o processo que os próprios petistas honestos de Campos estão chamando de fim do PT, ou o nascimento do ex-PT.
É possível dizer que o processo de degeneração do PT se inicia com sua adequação e auto-limitação aos marcos da ordem social senhorial-capitalista vigente no país. No momento em que o PT (e seu fiel escudeiro: o PC do B) aceita limitar seu horizonte estratégico às míseras possibilidades oferecidas pelo senhorial-capitalismo brasileiro, o que muitos petistas – honestos e desonestos – qualificam orgulhosamente de “pragmatismo do possível”, todas as conseqüências desta opção começam a se desenvolver.
É estúpida, cínica e reacionária a propaganda que tenta fazer crer que a corrupção brasileira começou – ou mesmo aumentou – em função do governo petista, o que é certo é que a adesão do PT ao status quo vigente no país o enredou nas teias do clientelismo, do fisiologismo e da corrupção que caracterizam o Estado brasileiro, que não pode ser democrático (verdadeiramente) pois tem de ser capitalista em um país em que isto significa condenar as maiorias populares à semi-indigência.
Diante da morte do PT (e de seu fiel escudeiro) não adianta esperar ressurreição e não basta lamentação, é necessário que se mantenha elevada a consciência crítica e o espírito público, de modo a contribuir para o fortalecimento de uma alternativa política que seja, de fato, progressista ao apontar para a superação do nosso senhorial-capitalismo.

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