sexta-feira, 18 de julho de 2008

Mutirão de cidadania


O quadro da disputa eleitoral para a prefeitura de Campos dos Goytacazes está cada vez mais se assemelhando a um show de horrores. Os três candidatos de maior potencial eleitoral estão seriamente ameaçados no que diz respeito à sustentação legal de suas candidaturas em função de seu envolvimento em uma série de esquemas de corrupção. No calor deste início de campanha, a máquina do clientelismo realizado a partir dos gabinetes governamentais do poder público municipal, bem como a partir de uma série de outros canais mais ou menos privados, inicia sua aceleração.
É cada vez maior a parcela da população campista, por nascimento ou por escolha, que se encontra absolutamente indignada e, diria mesmo, enojada, com o quadro político da cidade. No entanto, as amplas maiorias populares do município, esmagadas pela brutal opressão exercida pela miséria e privadas do mais mínimo acesso a serviços e bens públicos de qualidade, são presa fácil dos esquemas clássicos do clientelismo e da compra de votos, que se alimentam justamente das inúmeras privações às quais são submetidos os setores mais empobrecidos da população. É infrutífero, e mesmo leviano, exigir que surja espontaneamente das camadas populares, uma alternativa política ao quadro estabelecido na cidade, sem a colaboração ativa e participante dos setores mais politizados, críticos e progressistas da cidadania campista. Se a reviravolta radical nos rumos da gestão pública municipal é, para as massas pauperizadas, em primeiro lugar, uma necessidade, ela é, para os setores mais esclarecidos e menos vulnerabilizados materialmente, em primeiro lugar, um dever.
A recente desmoralização definitiva da tradicional esquerda campista, representada pelo PT, em sua aliança com uma das facções políticas do lumpen-empresariado que lutam pelo controle do orçamento municipal, exige a construção de uma nova alternativa e abre a possibilidade para a retomada de uma proposta que havia surgido após o ato “Chega de Palhaçada”, a saber: a constituição de um fórum democrático e amplo para elaborar metas e projetos para nortear a ação dos gestores públicos municipais. Infelizmente a proposta de constituição deste fórum foi relegada a um segundo plano, mas entendo que é o momento de voltarmos a pensar seriamente na possibilidade de criação deste espaço de exercício efetivo da cidadania. Um espaço que possa reunir universidades, associações de classe, sindicatos, associações comunitárias, pastorais eclesiásticas – entre outras organizações – para colocar as forças progressistas da cidade a serviço de um projeto real de transformação do nosso pavoroso quadro político.

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