Recentemente o economista e ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira publicou na Folha de São Paulo um artigo que, na prática, constituiu-se em uma espécie de manifesto em defesa do que ele próprio chamou de “novo-desenvolvimentismo”. Longe de refletir apenas a elocubração intelectual isolada de um homem das ciências sociais, o texto deve ser entendido como a expressão dos interesses dos grandes oligopólios do setor industrial brasileiro, através das palavras de um de seus destacados intérpretes.
O projeto do “novo-desenvolvimentismo” ataca a ortodoxia monetarista e também o que chama de “dogmatismo neoliberal”. Reivindica o legado de Keynes, do desenvolvimentismo clássico (impondo-lhe, no entanto, restrições) e exige a reconstrução de um Estado que intervenha na economia com base em um planejamento estratégico: criando incentivos setoriais e globais no contexto de uma política industrial e promovendo, de modo geral, o aumento da demanda agregada. Ao financiamento baseado na captação de recursos no exterior, opõe o fortalecimento da poupança interna como base do financiamento futuro da economia. Inclusive o nível ideológico é contemplado pelo projeto em questão, em relação ao qual Bresser Pereira ressalta a necessidade de promover o nacionalismo e o fervor patriótico em oposição ao cosmopolitismo globalizante do neoliberalismo “puro-sangue”.
É claramente possível identificar os traços marcantes deste projeto “novo-desenvolvimentista” no “governo-de-condomínio” montado por Lula com base na representação corporativa, ou setorial, no interior dos ministérios e do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Diante das expectativas de ganho futuro e das presentes taxas de acumulação, o setor industrial do grande capital nacional (mas também estrangeiro) rompe com a letargia e se torna capaz de, ainda que incipientemente, botar na mesa um esboço de projeto econômico próprio.
É preciso, no entanto, esclarecer duas questões fundamentais. Em primeiro lugar, o projeto “novo-desenvolvimentista”, ainda que rompa com alguns aspectos da dogmática do neoliberalismo “puro-sangue”, não recua um milímetro da defesa de um projeto de Estado exclusivamente voltado aos interesses da acumulação capitalista, o que, para quem conhece o bê-á-bá da economia política séria (desconsiderando a “teologia” liberal do “Deus-Mercado”) e da história do desenvolvimentismo clássico no Brasil (considerando o “Plano de Metas” de JK e o “Milagre Econômico” dos generais) sabe que isto significa, inevitavelmente, concentração de renda, desqualificação da política social (entendida em sentido amplo), entre outros ataques contra os interesses e necessidades sociais da classe trabalhadora, é o retorno da idéia de “fazer crescer o bolo para depois dividí-lo”, nas palavras do ex-ministro da ditadura e atual conselheiro de Lula, Delfim Neto.
Outro elemento importantíssimo da atual conjuntura, é o fato de que os “novo-desenvolvimentistas” não estão sozinhos no governo Lula, mas coabitam-no com os representantes neoliberais “puro-sangue” do capital financeiro. Esta disputa, que começa a arrastar atrás de si os setores mais confusos e/ou oportunistas da esquerda brasileira, se manifesta basicamente entre a cúpula do IPEA, BNDES, o vice-presidente, entre outros (“novo-desenvolvimentistas”), de um lado, e, principalmente, a cúpula do Banco Central (neoliberais “puro-sangue”), do outro lado. Para todos aqueles que buscam se mater alinhados politicamente na defesa dos interesses da classe trabalhadora, da democracia, e da transformação socialista da sociedade, cabe perceber que envelheceu – ou mudou de mãos – o discurso da simples defesa do crescimento econômico em oposição à estagnação defendida pelos defensores da ortodoxia monetarista. Ou aprofundamos, claramente, o caráter de classe de nossa agenda política ou acabaremos seguindo a reboque do “novo-desenvolvimentismo” do setor industrial do grande capital do país.
O projeto do “novo-desenvolvimentismo” ataca a ortodoxia monetarista e também o que chama de “dogmatismo neoliberal”. Reivindica o legado de Keynes, do desenvolvimentismo clássico (impondo-lhe, no entanto, restrições) e exige a reconstrução de um Estado que intervenha na economia com base em um planejamento estratégico: criando incentivos setoriais e globais no contexto de uma política industrial e promovendo, de modo geral, o aumento da demanda agregada. Ao financiamento baseado na captação de recursos no exterior, opõe o fortalecimento da poupança interna como base do financiamento futuro da economia. Inclusive o nível ideológico é contemplado pelo projeto em questão, em relação ao qual Bresser Pereira ressalta a necessidade de promover o nacionalismo e o fervor patriótico em oposição ao cosmopolitismo globalizante do neoliberalismo “puro-sangue”.
É claramente possível identificar os traços marcantes deste projeto “novo-desenvolvimentista” no “governo-de-condomínio” montado por Lula com base na representação corporativa, ou setorial, no interior dos ministérios e do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Diante das expectativas de ganho futuro e das presentes taxas de acumulação, o setor industrial do grande capital nacional (mas também estrangeiro) rompe com a letargia e se torna capaz de, ainda que incipientemente, botar na mesa um esboço de projeto econômico próprio.
É preciso, no entanto, esclarecer duas questões fundamentais. Em primeiro lugar, o projeto “novo-desenvolvimentista”, ainda que rompa com alguns aspectos da dogmática do neoliberalismo “puro-sangue”, não recua um milímetro da defesa de um projeto de Estado exclusivamente voltado aos interesses da acumulação capitalista, o que, para quem conhece o bê-á-bá da economia política séria (desconsiderando a “teologia” liberal do “Deus-Mercado”) e da história do desenvolvimentismo clássico no Brasil (considerando o “Plano de Metas” de JK e o “Milagre Econômico” dos generais) sabe que isto significa, inevitavelmente, concentração de renda, desqualificação da política social (entendida em sentido amplo), entre outros ataques contra os interesses e necessidades sociais da classe trabalhadora, é o retorno da idéia de “fazer crescer o bolo para depois dividí-lo”, nas palavras do ex-ministro da ditadura e atual conselheiro de Lula, Delfim Neto.
Outro elemento importantíssimo da atual conjuntura, é o fato de que os “novo-desenvolvimentistas” não estão sozinhos no governo Lula, mas coabitam-no com os representantes neoliberais “puro-sangue” do capital financeiro. Esta disputa, que começa a arrastar atrás de si os setores mais confusos e/ou oportunistas da esquerda brasileira, se manifesta basicamente entre a cúpula do IPEA, BNDES, o vice-presidente, entre outros (“novo-desenvolvimentistas”), de um lado, e, principalmente, a cúpula do Banco Central (neoliberais “puro-sangue”), do outro lado. Para todos aqueles que buscam se mater alinhados politicamente na defesa dos interesses da classe trabalhadora, da democracia, e da transformação socialista da sociedade, cabe perceber que envelheceu – ou mudou de mãos – o discurso da simples defesa do crescimento econômico em oposição à estagnação defendida pelos defensores da ortodoxia monetarista. Ou aprofundamos, claramente, o caráter de classe de nossa agenda política ou acabaremos seguindo a reboque do “novo-desenvolvimentismo” do setor industrial do grande capital do país.
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