A passos largos vou me convencendo de que, infelizmente, o processo de insatisfação e inquietação que deu origem ao "Chega de Palhaçada" não está conseguindo ultrapassar os limites da política tradicional campista, centrada em nomes e personalidades. Não ganha fôlego a discussão de um programa e, por outro lado, esquenta o debate sobre se o candidato da “terceira via” deve ser fulano ou sicrano. O debate sobre o caráter desta “terceira via” também não se aprofunda e tudo leva a crer que se os setores mais bem intencionados (é isto mesmo) prevalecer, teremos uma terceira via a la Tony Blair com uma aliança entre PT e PSDB. Ou seja, vai se desfazendo francamente a possibilidade de uma terceira via de esquerda, única possibilidade, em minha opinião, de se oferecer de fato um programa modernizador, moralizador, democrático e progressista de gestão municipal. Ainda é possível reverter esta trajetória?
Independentemente da questão relativa ao caráter individual das pessoas envolvidas, o que não me proponho, de maneira alguma, a questionar, resta uma grande questão a ser respondida, e ela diz respeito ao caráter do programa da chapa desta “terceira via”. Se é possível ainda, para amplos setores da população, identificar no PT uma possibilidade de mudança progressista, entendo que o mesmo é impossível no que diz respeito ao partido de FHC, das privatizações e do neoliberalismo. Que espécie da base programática comum pode garantir a coesão de PT e PSDB para o pleito municipal? Certamente nenhuma que afirme uma orientação transformadora popular, progressista e democrática. Ao menos é isto o que o que se pode julgar a partir do que existe em comum entre o atual governo petista de Lula e o passado governo tucano de FHC no plano federal.
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