sexta-feira, 2 de maio de 2008

O turbulento maio boliviano


O povo boliviano entra no mês de maio apreensivo em função dos sérios rumores de enfrentamentos violentos, e mesmo de guerra civil, que podem estourar a qualquer momento em seu país. Desde que Evo Morales, o líder camponês indígena, chegou ao poder em La Paz, representando, ainda que de modo hesitante e titubeante, a rejeição popular ao modelo econômico neoliberal e ao predomínio absoluto dos interesses do capital internacional, os setores mais reacionários da burguesia boliviana, articulados com o governo de George W. Bush, vêm se organizando, mobilizando e preparand0 para deslanchar uma ofensiva de cunho político-militar contra o governo de Evo Morales e os setores populares organizados da esquerda.

Neste momento em que Morales anuncia a nacionalização compulsiória da principal empresa de telecomunicações do país e de três petrolíferas estrangeiras, às vésperas do "referendum" pela autonomia do estado de Santa Cruz, o mais rico do país e sede da reação racista e anti-popular dos fascistas bolivianos, a população do país irmão ouve rufarem mais fortes os tambores da guerra civil.

A hesitação crônica do governo Morales que, por influência dos ridículos e cínicos "pudores" democrático-burgueses, capitulou diante da tarefa histórica a ele delegada pelas massas populares bolivianas, coloca, neste momento todo o povo boliviano em uma situação extremamente delicada. De um lado, a extrema-direita fascistóide fortalece seu nível de organização aproveitando-se da falta de iniciativa do governo, de outro, uma grande parte da esquerda boliviana, talvez a maioria, se encontra dividida entre manter-se alinhada incondicionalmente ao governo ou lançar-se à ofensiva, único meio de neutralizar a oligarquia racista. Diante desta situação é importante que todos nós. indivíduos comprometidos com os princípios da democratização social, da soberania popular, e da solidariedade entre os povos, saibamos nos posicionar em defesa do governo Morales contra os ataques do fascismo pró-EUA e, ao mesmo tempo, sumetê-lo à crítica em função de sua falta de iniciativa que pode arrastar a Bolívia para uma situação de terrível retrocesso histórico-social, cuja dimensão, miseravelmente, sempre avaliamos, a posteriori, expressa na forma de multidões de cadáveres.

2 comentários:

xacal disse...

Os EEUU, nesse melancólico fim de festa da era bush, o seu propósito de legar ao mundo suas piores influências:
Oriente médio,
Afeganistão,
Iraque, "the war on terrorism"
Colômbia e "the war on drugs",
Venezuela...

E agora vão partir a Bolívia ao meio...

Primeiro tentaram através do Brasil, com a questão dos hidrocarbonetos...agora eles mesmos é que vão fazer o serviço sujo...

Em 2003 aconteceu por lá um episódio marcado como "Febrero Negro", um massacre de mineiros de Potosí, bancados (U$100,00 para cada soldado pela embaixada estadunidense)...

A história parece se repetir...
Às vezes me desiludo... o cara se elegeu, dentro das regras...mantém o poder frente a limitações jurídico-constitucionais conservadoras e mesmo assim os golpistas pretendem sangrar o país, para a defesa de seus privilégios...

Essa crise é para quem prega o fim da luta de classes...o viés desse conflito é classista na acepção marxista do termo...sem retoques...

Um abraço e parabéns pelo blog...
ahhh, faltou o link para p PT...heheheh

Maycon Bezerra disse...

Hahahaha, valeu Xacal por prestigiar este modesto blog com sua presença. Um abração e hasta la victoria!