Neste momento em que alguns setores mais ativos e inconformados da sociedade campista olham para o quadro político-administrativo da cidade e não encontram senão razões para lutar por mudanças profundas, devemos nós, pois me incluo entre estes ativos e inconformados, analisar racionalmente a situação para não desperdiçarmos nossos esforços em falsas alternativas ou mudanças meramente superficiais.
O problema da corrupção em larga escala na cidade de Campos é multicausal, entram aí a exrema miséria material de amplas franjas da população, a estagnação econômica da cidade que faz do poder público a principal fonte de ativos econômicos, e etc. Gostaria, no entanto, de chamar a atenção para a necessidade de identificar um elemento muitas vezes negligenciado: a base social das facções políticas que disputam oligopolosticamente o orçamento municipal.
Se, por um lado, não restam dúvidas da capacidade de mobilização de setores populares pelas duas facções que disputam o poder municipal, por outro lado, o que as investigações recentes revelam é algo bem mais sério e menos óbvio. Há todo um setor do empresariado campista, do qual não sabe exatamente a dimensão, mas que não é uma ínfima minoria, que, atuando na educação, na saúde, na comunicação, na construção civil e etc, incorporou como modus operandi de sua atividade o parasitismo corrupto e clientelístico sobre os cofres públicos. É este setor, que eu venho chamando de lumpen-empresariado, que forma a mais poderosa base de sustentação do atual arranjo político da cidade, qualquer alternativa política, para ser séria, vai ter que, inevitavelmente, romper com estes setores e contruir uma base de sustentação política em outros setores da sociedade: as maiorias populares confinadas nas periferias e nos distritos rurais, a classe média que luta para não desaparecer, a juventude que abandona a cidade aos montes, e etc. É por uma mudança real que devemos lutar!
segunda-feira, 5 de maio de 2008
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2 comentários:
Caro Maycon, gostei muito de seu texto. Sou sociólogo e participo de outro blog na cidade (outroscampos.blogspot.com). Acho que eu e vc temos uma preocupação muito parecida sobre como interpretar as mazelas politicas locais: a de indentificar e caracterizar as frações e estratos sociais que dao suporte a todo o jogo de poder e corrupçao que se perpetua. Vc aponta com muita precisão o nosso lupem-emprensariado e sua relação com o que o sociólogo jesse souza chama de "ralé estrutural". Vamos continuar o debate sobre essa relação? Parece que se trata de um empresariado do vale tudo lidando com uma ralé do salve-se quem puder. O resultado é campos. Enquanto a politica em sociedades centrais ja fora comandada por burguesia e operariado, aqui é a lupem-burguesia e a ralé. Tem um autor alemao que fala nessa lupem-burguesia. O nome dele é Andre Gunder Frank. abraço
Obrigado pela presença e colaboração Roberto, certamente estou interessado em prosseguir e aprofundar este debate, mesmo porque ao identificar as estruturas sócio-políticas da cidade, se torna possível superar o nível superficial (em geral personalista e regionalista) da crítica política convencional no âmbito municipal. Um abração!
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