sábado, 31 de maio de 2008

O quase-novo-desenvolvimentismo, os trabalhadores e o imperialismo


Já tive a oportunidade de escrever recentemente, aqui mesmo, a respeito do quase-novo-desenvolvimentismo, modelo político-econômico que expressa a práxis do governo Lula.

No outro texto eu proponha uma reflexão a respeito do caráter inequivocamente, exclusivamente e intransigentemente burguês de tal "projeto" de orientação governamental.

Entendo que é importante ressaltar um outro aspecto do quase-novo-desenvolvimentismo de Lula: sua íntima vinculação com os interesses do grande capital estrangeiro atuante no país.

Na última semana divulgou-se alguns dados fundamentais para desnudar os sérios limites do modelo político-econômico do governo Lula. Por um lado, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) divulgou que mais da metade dos R$ 6,1 bilhões em isenções fiscais prometidas até 2011, como parte na "nova política industrial" do governo federal, vão para o setor automobilístico controlado oligopolisticamente por um punhado de gigantescas transnacionais. Por outro lado, o Banco Central divulgou que o déficit na conta corrente do Brasil no primeiro trimestre do ano bateu todos os recordes, chegando à marca histórica de mais de R$ 10 bilhões, sendo o principal elemento responsável por estes números negativos, o aumento em 118% das remessas de lucros e dividendos para o exterior por parte do capital estrangeiro (no qual o setor automobilístico ocupa um posto de primeira importância).

É extremamente significativo, para a compreensão do caráter de classe do quase-novo-desenvolvimentismo de Lula , que o setor empresarial mais beneficiado pelo projeto de política industrial recentemente lançado pelo governo federal é o mesmo que, além de promover uma intensa drenagem de recursos produzidos no país para o exterior, desenvolve uma política extremamente agressiva contra seus trabalhadores e, mais ainda, os sindicatos de seus trabalhadores (com demissões ilegais, retirada de direitos e etc.).

É importante, da mesma forma, não desconsiderar que, diante das pressões inflacionárias crescentes que se apresentam na atual conjuntura, crescem, no governo, paralelamente, as exigências por restrição ao consumo das massas e pela retirada de direitos dos trabalhadores, de modo a agir contra a inflação salvaguardando os interesses empresariais. Neste contexto, apenas uma clara orientação classista pode preparar adequadamente os movimentos populares e as organizações sindicais e políticas da classe trabalhadora para barrar a ofensiva capitalista que, tal como o lobo em pele de cordeiro, nos ameaça.

10 comentários:

xacal disse...

caro maycon,

com todo respeito...sua análise de política econômica apresenta diversos pontos permeados por uma ideologização que enfraquece seus argumentos...

o maior movimento de mobilidade de classes sociais (29%) que ddeslocaram uma enorme massa de uma faixa de pobreza para setores médios...

salário mínimo a U$ 225, aproximadamente, quando o sonho das centrais mais radicais era U$ 100...

Lógico, o governo poderia ser mais ousado na política monetária, etc, etc...

Só que nossa avaliação deve levar em conta que esse é o primeiro governo que representa de fato alternância de poder em nossa incipiente democracia...

Não se esqueça que para produzir mudanças mais profundas é preciso "combinar" com seus adversários, a não ser que vc ainda acredite em soluções que suprimam o direito dos que não votaram e concordam com o governo...

nosso processo de mudança e superação não pode "queimar" etapas, sob pena de enfrentarmos o mesmo recrudescimento que se abate sobre Bolívia, Venezuela, Equador e Argentina...

de novo: são os limites impostos pela realidade....

Maycon Bezerra disse...

Xacal, meu amigo, tinha escrito um comentário bem extenso mas o perdi no processo de transmissão, então vou apenas potuar minha posição:

1)MInha análise contém ideologia, mas isto não é exclusividade minha, pois toda análise - conscientemente ou não, tem a ideologia por base.

2)A redução da pobreza absoluta no país caminhou lado a lado, segundo dados do IPEA, com a muntenção rígida dos padrões de concentração de riqueza e de desigualdade social.

3)O governo Lula aplica, fundamentalmente, o mesmo princípio neoliberal na gestão do setor público (accountability, fundações estatais de direito privado, PPPs e etc), com a exceção do fato de que fortalece quantitativamente os quadros do Estado (o que é positivo) sem alterar, no entanto, o sentido da classista da ação do Estado.

4) Persiste no país uma quase onipresente situação de miséria, barbárie e indignidade que não podemos ignorar.

5)A luta de classes é um elemento objetivo da realidade. Ou o governo se acomoda às regras viciadas do jogo da democracia tutelada (como já o fez) que torna cláusula pétrea a defesa dos interesses sociais fundamentais da classe capitalista, ou se baseia na mobilização das massas populares para produzir as transfomações reais que o país precisa.

Infelizmente, nós discordamos frontalmente neste ponto, no entanto, nada mais salutar que o debate, prosssigamos sempre neste caminho.

Maycon Bezerra disse...

Só mais uma observação, toda realidade impõe, além de limites, possibilidades, ou nos prendemos a uns ou nos agarrams nas outras.

xacal disse...

com todo o respeito a vc, meu caro, mas seus arguemntos beiram a desonestidade...

atribuir a um governo que tem 06 anos todas asa responsabilidades de superação do endêmico processo de concentração de renda é cruel e de desumano...

se houve uma ascensão de 29% dos mais pobres para camadas superiores da pirâmide é legítimo depreender que houve uma parada no ritmo de concentração brutal histórico a que vc se refere...

números são ótimos, mas não podem enquadrar a realidade como uma camisa de força, e vc sabe disso, senão desitiríamos das eleições e da administração do estado e contrataríamos instituos de pesquisa...

o problema não é a ideologia por trás dos argumentos, e sim a ideologização dos fatos, que funcionam como grossa manipulação, muito ao gosto do artur virgílio, veja, globo, etc...

desconhecer que a realidade que se impõe sobre o governo exige uma fina estratégia para superação dos problemas que conhecemos tb é desonesto (intelectualmente, não me leve a mal)...

se fosse tão fácil, p pstu ou psol já teriam realizado essa tarefa, ou suas propostas não as melhores e mais bem intencionadas...

acho que o ritmo de lula e de alguns setores do governo é mais lento do que poderia, e a política monetária é conservadora...

mas deixar de reconhecer os avanços do governo e fazer coro com aqueles que por razões estruturais desejam um retrocesso, é entregar a faca e o queijo...

aprofundar e radicalizar é um processo qualitatitvo e não se mede pelas referências que temos lá na frente...

talvez seja a hora de comparar o que era, o que é hoje, para então podermos apontar o que será...

um abraço...

e cuidado muito à esquerda acaba tocando a direita...olha o Pol Pot e Kmher Vermelho...

Maycon Bezerra disse...

Meu caro Xacal, a sua última intervenção, em função de sua forma e conteúdo, exige de mim uma resposta à altura de suas críticas, e talvez seja isto mesmo o que sua implacável retórica esteja demandando, não é mesmo?
Bem, em primeiro lugar, eu não vou afirmar que seus argumentos são intelectualmente desonestos, pois sei perfeitamente que não há nenhuma razão para que, no âmbito de nosso debate, você tenha escolhido trilhar este caminho. No entanto, posso dizer com alguma segurança que seus argumentos são, isto sim, intelectualmente pobres, pois teoricamente limitados.
Quanto à relação entre redução da pobreza absoluta e manutenção (ou ampliação) dos níveis de desigualdade na distribuição de renda, faço questão de reafirmar que isto não apenas é possível, como é um aspecto da realidade sócio-econômica contemporânea no Brasil e no mundo, considerado como um todo. Apesar das dificuldades que você parece ter para compreender como pode caber na figura geométrica da pirâmide este fenômeno, o fato é que houve uma significativa transferência de renda da “classe média tradicional” (profissionais liberais, assalariados de alta qualificação, servidores públicos, etc.), que vem seguindo uma trajetória descendente no padrão de renda, para os setores mais pauperizados do proletariado, beneficiados, principalmente, pelos programas de transferência de renda. Não há nenhuma desonestidade no argumento segundo o qual a elevação dos níveis de renda dos mais pobres não teve origem em uma redução dos rendimentos e do patrimônio dos mais ricos, ao contrário, estes dados foram revelados por um respeitável intelectual que se encontra a salvo de qualquer desconfiança quanto a seu suposto esquerdismo: o economista do IPEA (órgão ligado ao governo federal) Márcio Pochman. Segundo Pochman, os 10% mais ricos da população brasileira concentram 75% da riqueza nacional, enquanto os 90% mais pobres dividem os 25% restantes da riqueza. Pochman diz mais, afirma que este padrão de distribuição de renda é semelhante ao revelado por uma pesquisa realizada sobre o tema ainda no século XVIII. Não satisfeito em parar por aí seu municiamento da Rede Globo, Veja, PSDB e DEM, segundo a lógica da sua argumentação, o “talvez aliado dos golpistas de direita” Marcio Pochman revela que este padrão de distribuição de renda é resultado da natureza do nosso sistema tributário, segundo ele, baseado na transferência de riqueza dos mais pobres para os mais ricos.
Segundo sua argumentação, meu caro Xacal, uma outra manifestação de minha desonestidade intelectual residiria no fato de eu não reconhecer os “limites impostos pela realidade” à orientação do governo Lula, atribuir responsabilidade demasiada ao governo relativamente aos seculares problemas brasileiros, e ignorar as conquistas do governo Lula. Bem, permita-me fazer frente a estas acusações. Quanto aos “limites impostos pela realidade” ao governo Lula, eu preciso afirmar que não há nenhuma desonestidade, a priori, em não possuir como horizonte político estratégico a estrutura viciada desta democracia tutelada pelo grande capital, a não ser que o critério de honestidade intelectual esteja ligado à maior ou menor beatice diante do altar da institucionalidade legal do Estado capitalista-senhorial brasileiro. Felizmente os povos, protagonistas reais da história, nunca se subordinaram a tal critério de honestidade intelectual e política e fizeram, ao longo dos séculos, a humanidade avançar, justamente promovendo a ruptura das estruturas legais arcaicas e reacionárias que se impunham à sua frente. Suponho que é temerária a acusação de desonestidade intelectual contra meus argumentos, quando foram, sempre, os atuais protagonistas do governo Lula que, no passado, subiam na tribuna para denunciar como ilegítimas e criminosas as mesmas orientações macro-econômicas gerais que defendem com unhas e dentes atualmente.
O governo Lula poderia, se estivesse disposto a romper com os interesses do grande capital nacional e estrangeiro, ter promovido, em seis anos, transformações extremamente profundas no país. Em seis anos, JK garantiu uma profunda transformação no panorama industrial e urbano brasileiro, ainda que em um sentido profundamente discutível. Em seis anos o analfabetismo foi praticamente erradicado em Cuba ( nos anos 60). Em seis anos – de 1928 a 1934 – a URSS se tornou uma das maiores potências industriais do mundo (apesar do caráter da direção stalinista). Em seis anos, FHC promoveu, por outro lado, a desagregação das estruturas sociais do Brasil. O tempo, diferentemente do que transparece em sua argumentação, não é um limite objetivo, nesta ordem de grandeza, que explique as limitações políticas do governo Lula.
Como tudo deve ter um fim, entendo que também eu preciso concluir este breve comentário em forma de resposta polêmica. É verdadeira a hipótese que você propôs segundo a qual uma trajetória ultra-esquerdista tende a acumular para os propósitos da direita, no entanto, o risco de direitização se torna mais que um risco, se torna uma realidade efetiva, quando são adotadas as orientações e os princípios políticos e econômicos das forças conservadoras do capital (tipicamente direitistas).Você, meu amigo Xacal, é bom demais para adotar – inconscientemente, creio eu – a tática stalinista de desqualificar os argumentos do adversário, a todo transe, como estando a serviço da direita. Assim fazia Stalin contra Trotsky, assim fez o PCB contra Lamarca, em um momento, e contra Lula, em outro momento. O fato concreto é que a faca e o queijo estão nas mãos de Lula e do PT para a realização das transformações que o país precisa, resta ao governo escolher entre a construção de um projeto de nação igualitária e substantivamente democrática ( o que parece já haver abandonado) ou seguir rezando na cartilha das agências financeiras internacionais e estabelecendo, para si próprio, como limite, a rígida institucionalidade dos interesses do capital.

Um abraço e prossigamos!

xacal disse...

caríssimo maycon,

vamos por partes como diria jack o estripador...

1-seus dados sobre acumulação e distribuição de renda estão caducos: houve aumento de massa salarial real, na ordem de 7%, não só causados pela inclusão do mercado de trabalho (menor índice histórico de desemprego) mas pelo crescimento da renda média do trabalhador...

2- os recordes de produção de certos bens de consumo (automóveis,computadores e pasme: imóveis), embora respondam em parte ao estímulo dos créditos consignados, são relacionados a valorização da mão-de-obra, que contrariam sua tese da pauperização da classe média...

3-o funcionalismo federal têm os maiores índices de reajuste real da história, além é claro da recosntrução do aparelho de estado com concursos e eliminação da terceirização.

4-sua compreensão dos breves sucessos da economia soviética, cubana e até de JK ressaltam pontospositivos como se fossem momentos estanques e desconectados de conseqüências no tempo e no espaço, acusação aliás que tenta me imputar...

o breve período de expansão da atividade industrial soviética se deu em uma economia que era agrária e semi´feudal, portanto qualquer crescimento partiria de bases próximas ao zero e tenderiam a produzir índices fantásticos...depois a manutenção de vetores econômicos sob a artificialidade do planejamento econômico produziu as aberrações que vc coonhece: desabastecimento, fome e estagnação econômica...

já o período jk produziu um enorme surto inflacionário e fragilidade na balança de pagamentos, com aumento da dívida e déficit em contas correntes...tudo em nome daquele desenvolvimentismo substituidor de importações...

quanto a cuba sabemos que os EEUU são responsáveis por uma boa parte dos seus infortúnios, mas o governo cubano seguiu as expensas do petróleo soviético e foi incapaz de gerar riquezas para o conforto de um povo saudável e bem educado, e que talvez por isso seja até mais exigente: quando podem fogem como formigas a presença do tamanduá...

talvez o que mais me espante nos seus argumentos ideologizados pelo esquerdismo míope é acreditar no rompimento com os vínculos que nos inserem como países de segunda classe no cenário globalizado...

se na década de 10, do século XX onde a teia de relações internacionais, e o nível de subordinação ao capital financeiro não expunha os países a tanta volatilidade, imagine agora...onde os meios físicos de dominação deram lugar as transferências virtuais instântaneas...

basta um espirro dos mercados financeiros para que nossa economia morra de pneumonia...aí está a base de sua "desonestidade" intelectual, pois os fatos aos que nos referimos são reais...

as conjecturas sobre alternativas de politicas econômicas propostas por vc, são apenas isso, propostas...enquanto o que lhe trago são fatos...

não vou nem discutir a questão da democracia, pois imagino que o mundo já superou esse dilema de valor estratégico ou universal...

ou é democracia ou não é...eu prefiro uma ´péssima democracia a uma ótima ditadura, e vc...?

ei amigo, acorde: lula vive e governa um país capitalista que nos últimos 500 anos massacrou e moeu sua gente na roda do lucro...sua carta aos brasileiros já dispensava os arroubos esquerdistas de rompimento com o capital a todo custo, e essa foi a razão de sua eleição, gostemos ou não ( eu não gosto )...e isso vc não diz, mais uma vez esconde os fatos para realçar seus argumentos...lembra do lulinha paz e amor...?

foi isso que a mídia impôs, e a população engoliu...agora se o pstu ou psol têm grandes teses que possam ser factíveis, ótimo basta combinar com a população...

ahhh, e não adianta reclamar das estratégias burguesas...ou se joga e aceita as regras, ou vamos para a clandestinidade...


caro maycon não é porque vc acredite em uma tese que ela se torne verdade...

abraço fraternal...e nunca aceite provocações meu caro, isso enfraquece sua verve..heheheh

Maycon Bezerra disse...

Meu caro contraditor e amigo Xacal, tentarei ser breve e pontual como você foi em seu último comentário:

1) A tese da transferência de renda da “classe média tradicional” para os setores mais pauperizados do proletariado não é minha opinião, corresponde aos dados divulgados pelo IPEA, onde aparece uma maior aproximação da renda entre os diferentes estratos de trabalhadores, mais ou menos qualificados, enquanto se mantém estática a diferença entre os trabalhadores (como um todo) e a classe do capital (os “mais ricos”, como aparecem nas pesquisas).

2) O papel da expansão do crédito, propiciada pelo ajuste jurídico que dotou os negócios financeiros de maior segurança às custas da segurança dos devedores, cumpre um papel central, e não lateral, para a expansão do consumo de bens duráveis no Brasil.

3) A fragilidade do país diante do capital financeiro é resultado direto da orientação macro-econômica do governo. A idéia positivista de que “contra fatos não há argumentos” não cabe neste caso pois você deixa escapar o aspecto dialético que diz respeito ao fato da extrema dependência do capital financeiro em relação às economias nacionais reais. Se é verdade que a atividade especulativa do capital financeiro internacional pode fazer implodir economias nacionais, também o é, o fato de que Estados nacionais baseados em economias relativamente avançadas, racionalmente orientados em um sentido soberano e anti-imperialista, podem articular uma estratégia global dentro da qual o capital financeiro internacional seja “colocado contra a parede”.

4) Com relação à democracia, meu caro, o ideal democrático não deve, para não ser achincalhado, ser confundido com um modelo representativo limitado, tutelado pelos interesses do capital e cada vez mais hostil às mais básicas liberdades democráticas populares, garantidor político da soberania absoluta da oligarquia financeiro-industrial-latifundiária. Também prefiro a pior democracia que a melhor das ditaduras ( e a ditadura do capital sobre os trabalhadores não pode ser considerada das melhores).



Espero que não tenha parecido igualmente provocativo, meu intelectualmente honesto amigo. Um abraço!

xacal disse...

"(...) o fato de que Estados nacionais baseados em economias relativamente avançadas, racionalmente orientados em um sentido soberano e anti-imperialista, podem articular uma estratégia global dentro da qual o capital financeiro internacional seja “colocado contra a parede”.(...)"

mais uma vez meu caro, suas "crenças" tentam se sobrepor a realidade...

onde existe um país onde tais premissas tenham se realizado?

Outro aspecto interessante é quando vc fala em "opções macroecnômicas" do governo...

mon ami, essas opções já estavam feitas, suas conseqüências ainda desabam sobre nós...

eu disse, lá atrás que não concordava com a orientação conservadora do governo...

mas compreendo, e parece que vc não quer ou não pode compreender, que um governo de características populares inéditas tem muit receio dos movimentos recaionários que rondam...

não se trata de contrapor seus argumentos expondo o fracaso da veezuela e argentina, soterrados em crises institucionais e econômicas...

nosso país é um gigante continental, com recursos amazônicos e petrolíferos que nos insere no cardápio dos intereses geopolíticos dos "predadores" mundiais...

mas tudo bem, na próxima eleição parlamentar essas propostas serão amplamente aceitas diante do trabalho revolucionário do pstu e psol, e o próximo governo do pt terá a base parlamentar para as mudanças necessárias...

engraçado vc critica meu fatalismo histórico, mas esquece seu fatalismo revolucionário...

senti falta dos argumentos econômicos...precisa estudar mais sobre iso meu caro, afinal como diria algum americano o qual não me lembro: "that,s economy, stupid!!!"

"quem fixa o discurso é o ouvido, não a palavra"...

portanto, já me tornei imune as provocações, meu caro...

fico feliz sobre sua opção democrática...

Maycon Bezerra disse...

Certamente preciso estudar mais sobre os aspectos econômicos, assim como todos os demais aspectos da vida social, pois esta busca deve ser uma sempre renovada busca, principalmente para aqueles que fizeram dela, em maior ou menor medida, seu ofício. No entanto, não devemos atribuir à dinâmica econômica da vida social - e menos ainda à dinâmica especificamente financeiro-rentista do capitalismo contemporâneo - uma suposta independência, ou pior ainda, uma transcendência mística em relação à práxis social ampla dos homens.
Meu caro Xacal, sua argumentação atesta que você, assim como o governo que você defende, infelizmente caiu presa da dogmática que, para fins de simplificação, poderia qualificar como dogmática neoliberal. De acordo com esta dogmática - ou para usar uma cetegoria que lhe parece mais cara, esta crença - que não é objeto da minha crítica apenas, mas da crítica de toda a esquerda intelectual autêntica do mundo (inclusive, da crítica de seu partido até as eleições presidenciais de 2002), a subordinação absoluta aos ditames anônimos mas onipotentes do "Mercado" - assim mesmo, em maiúsculas - não deveria ser entendida como uma opção mas como trágica fatalidade imposta aos seres humanos nesta era "pós-moderna" de "capitalismo informacional". Ora, esta dogmática abstrai da idéia de "Mercado" e da idéia de "fluxos de capitais", o seu fundamento material real, o que é imperdoável para toda análise econômica séria, ou seja, que vá além da doutrina neoclássica. Longe de tomá-las como modelo, em sua forma e conteúdo específicos, mas a experiência da moratória argentina do pagamento da dívida externa, e as heterodoxas nacionalizações de empresas levadas a cabo na Venezuela não trouxeram sobre ambas as nações latino-americanas as pragas bíblicas que os defensores da dogmática neoliberal indicavam, e, por outro lado, foi na pátria da dogmática neoliberal que a aplicação de seus dogmas ao extremo levou, agora, a uma crise econômico-financeira de graves proporções e mundializada.
Prossigamos, meu amigo, apesar das divergências, pela única via, a via do debate. Um abraço!

xacal disse...

uauuu..esquerda autêntica intelectual...e fala que eu tenho credo...uauuu...

querido, mais uma vez sobressaem a sua lógica de analisar só o que lhe convém...

não desprezo o componente real da economia...

apenas que vc ainda fala em capitalismo financeiro, enquanto estamos no capitalismo da informação, onde so pressupostos "reais" estão submetidos a um intrincado jogo de espectativas futuras, que justifica a si mesmo...

daí crises de alavancagem (crise subprime) e outras que nada têm haver com funadamentos ou teorias clássicas de mercado, como oferta e demanada, ao que, afinal tudo se resume, inclusive os fracassos do palnejamento estatal soviético e dos satélites, bem como os atuais portenhos e venezuelanos...

é certo que as pragas bíblicas não aconteceram e não acontecerão...pois no fim todos precisam retomar o emprestador para novos empréstimos...isso acontece até no spc...

senão o mercado trava...

mas sinceramente, vc esqueceu, ou escondeu, a crise titânica que enfrentou a argentina, com a queda de 40 ou 50% de sua, então classe média orgulhosa, ao limbo da pobreza...

foram 05 ou 06 presidentes em três anos...

falemos um pouco da epopéia chavez, com golpes contra-golpes e desastabilização institucional..

vc poderá falar, e eu o apóio que parte dessas crises são fometadas pela mídia e setores conservadores apoiados pelos yankees...
mas reduzir esses fenômenos a tais premissas é ingenuidade ou má-fé....

se vc quiser discutir controle de capitais, ou taxação de fluxo de capitais ou aumento de regulamentaçõa dos mercados, como recomeça agora, nesses movimentos pendulares, eu adiro...

o seu problema é confundir uma referência teórica, ou uma utopia com crítica pragmática da práxis de governar...

mede-se o valor das teorias pela possibilidade de aplicá-las...

um abraço do CENTRISTA INAUTÊNTICO...